sexta-feira, 23 de agosto de 2013

À minha mãe que me ensinou a ler.

Chega o Verão e abrem-se os livros que até aí não houvera tempo para desfolhar. Passam-se as folhas uma após outra e engolem-se as letras como não houvesse amanhã. No Verão, o tempo pára e eu posso ler cada palavra, cada linha, cada página, cada capítulo, cada livro sem pressa e com a calma de quem está de férias.                                                                                                                                                         
Lembro-me como se fosse hoje daquela infância em que a minha mãe passava todo o tempo a ler como se não houvesse amanhã. Nessa altura não havia stresses, não havia pressões, havia apenas o dia seguinte. E eu podia passar o tempo a olhá-la, cheia de curiosidade, sobre aquilo que se passava naquelas páginas, que a minha mãe só deixava quando terminasse a última letra. E foi assim que em mim surgiu o bichinho da leitura. 
Não há palavras para descrever o prazer da leitura. Ela transporta-nos para outro mundo , ela faz-nos sonhar, ela faz-nos olhar o mundo com outros olhos; com os olhos de alguém que sente nas palavras o prazer de uma vida simples.
Ler é como se parássemos esta vida e vivêssemos outra vida que não é a nossa...
Porque quando chega o Verão a vida corre mais devagar, sem pressa do tempo que está para vir. Existe apenas a pressa de chegar ao fim de uma outra vida, que é um livro.


À minha mãe que me ensinou a ler. 

Sem comentários: